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Tribunal de Justiça de São Paulo suspende edital de pregão do programa Smart Sampa

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Ontem (18), o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo suspendeu liminarmente o pregão do projeto Smart Sampa, que prevê a contratação de equipamentos eletrônicos e a implementação de mais de 20 mil câmeras de reconhecimento facial na capital paulista até 2024. 

Em resposta à uma ação judicial da Bancada Feminista (PSOL), o juiz Luis Manuel Fonseca Pires da 3ª Vara de Fazenda Pública considerou em sua decisão que o uso dessa tecnologia, além de inverter o princípio da presunção da inocência, tornando todes suspeites, fere a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, e contribui para o racismo estrutural. “O racismo estrutural incorporado e reproduzido em larga escala pela Administração Pública por meio do monitoramento do reconhecimento facial é uma realidade”, fundamentou o juiz.

O Smart Sampa já vinha sendo alvo de mobilizações e questionamentos por meio de representações ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Município, lideradas pela Campanha “Tire Meu Rosto da sua Mira”. Diversas iniciativas legislativas que estão em curso para regulamentar e proibir o uso de tecnologias de reconhecimento facial em espaços públicos, também resultadas da Campanha, como o Projeto de Lei Municipal nº 419 de 2022, foram citadas na decisão do TJ. 

demonstração da ferramenta
Demonstração de uso de ferramenta de reconhecimento facial ao vivo para reconhecer qualquer indivíduo em meio a multidão durante a Consumer Electronics Show de 2019 Imagem: David McnewAFP

A iniciativa #SaidaMinhaCara é multipartidária e mobilizou mais de 60 parlamentares de 13 estados brasileiros e foi estimulada pela Coding Rights, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), Centro de Estudos de Segurança e Cidadania — (CESeC) e MediaLab-UFRJ/Rede Lavits.