publicações

Pesquisa The compost engineers and sus los saberes lentos: a manifest for regenerative technologies

#futuros especulativos #inteligência artificial

Podemos mudar os imaginários tecnológicos para sistemas regenerativos ao invés de tecnologia extrativista para guerra, ansiedade e dominação?

Podemos inspirar o desenvolvimento tecnológico com esses conceitos deixados de fora? A engenhosidade focada na regeneração pode ser priorizada como tecnologia inteligente? E quanto a tecnologias situadas, não universalizantes, não antropocêntricas, conectadas a outros ritmos, mais lentos que o ritmo do capitalismo?

Recuperando esses conceitos que são deixados para trás quando usamos o termo inteligência artificial, as pesquisadoras propõem epistemologias e práticas alternativas para o desenvolvimento tecnológico que reconhecem nosso contexto atual de emergência climática e se realinham com os conhecimentos ancestrais, que foram depreciados pelas violências coloniais que atravessaram o tempo e ainda estão presentes no desenvolvimento das tecnologias digitais. Após uma breve imersão nos estudos de Biologia e Ecologia, com foco em micologia, estudos do solo e uma abordagem simbiótica da evolução, usando imaginação radical e narrativas especulativas, eles propõem um protótipo tecnológico feminista decolonial: os sistemas regenerativos das Compost Engineers, concebidos em uma estrutura de design que combina: Princípios de Justiça no Design, Princípios de Design em Permacultura e Princípios da Fundação Fungi. Para “treinar o modelo”, ele utiliza tecnologias ancestrais.

Parte dessa jornada também foi inspirada por três entrevistas realizadas entre junho e agosto de 2023 com a biotecnóloga chilena Daniela Torres, diretora do escritório chileno da Fungi Foundation; Cinthia Mendonça, diretora da Silo,uma estação rural no Brasil projetada para buscar questionamentos e respostas para as questões desafiadoras de nosso tempo, oferecendo experiências para o intercâmbio de conhecimento e o desenvolvimento humano, trabalhando com arte, ciência, tecnologia e agroecologia; e Denise Alves-Rodrigues, tecnóloga queer, criadora, artista e educadora, inspirada em reposicionar outras tecnologias no mesmo status das tecnologias digitais.

Dos territórios que habitamos, é impossível não vincular tecnologias com seus efeitos globalmente distribuídos e geopoliticamente interconectados. Nesse sentido, buscamos considerar como a tecnologia feminista pode servir à restauração, reparação e preservação de territórios e seus conhecimentos.

Agradecimentos especiais às entrevistadas e ao capítulo latino-americano da Feminist AI Research Network f<ai>r, presidido por Paola Ricaurte, com apoio do International Development Research Centre (IDRC) através da A+ Alliance e à Cony pelo design e ilustrações.

A pesquisa original está disponível aqui.

Sobre as autoras

Joana Varon é brasileira, com ascendência colombiana, fundadora-diretora e catalisadora do caos criativo na Coding Rights, uma organização feminista que contribui para os debates sobre o desenvolvimento, implementação e regulamentação de tecnologias a partir de uma perspectiva coletiva, transfeminista, decolonial e antirracista dos direitos humanos, que por meio da criatividade e do conhecimento hacker busca estimular imaginários e ações que desafiem as desigualdades de poder. Ex-aluna do Berkman Klein Center for Internet and Society da Universidade de Harvard. Ex-Technology and Human Rights Fellow no Carr Center for Human Rights Policy da Harvard Kennedy School e ex-aluna da Mozilla como ex-media fellow. Feminista e defensora dos direitos humanos, tem mais de 15 anos de experiência em influenciar debates em arenas internacionais de governança tecnológica, de fóruns diplomáticos a técnicos, como a Internet Engineering Task Force (IETF), onde fez parte do grupo de pesquisadores que deu início ao grupo de trabalho sobre Considerações de Direitos Humanos para Padrões e Protocolos. Ela também é cocriadora de vários projetos que operam na interação entre ativismo, artes e tecnologias, como transfeministech.org, cartografiasdainternet.org, museamami.org, Chupadados.com, #safersisters, Safer Nudes, protests.org, Net of Rights e freenetfilm.org.

Lucía Egaña Rojas estudou Arte, Estética e Documentário Criativo e possui um doutorado em Comunicação Audiovisual. Como artista, ela trabalha em projetos que problematizam a construção de imaginários sociais e as fontes de conhecimento hegemônico. Seus projetos são formalizados por meio de produção artística, escrita, pesquisa, pedagogia e práticas auto-institucionais. Seu trabalho artístico não pode ser circunscrito a um meio específico e pode ser consultado em http://luciaegana.net. No campo educacional, ela transita entre espaços acadêmicos e pedagogias informais. Ela foi professora e fez parte da direção acadêmica do Programa de Estudos Independentes (PEI) do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (MACBA), professora associada na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona, palestrante convidada no Mestrado de Gênero da Universidade do Chile e no mestrado MUECA (UMH). Dentro do ativismo transfeminista, foi organizadora do festival de pós-pornografia Muestra Marrana e, em 2011, realizou o documentário “Mi sexualidad es una creación artística”, além de co-dirigir atualmente o Instituto de Estudios del Porno. Sua escrita explora diferentes formatos, desde ficção a ensaio, passando por prosa poética, manifesto e texto acadêmico. Ela publicou “Enciclopedia del amor en los tiempos del porno” (Cuarto propio, 2014; Trío editorial, 2020), “Atrincheradas en la carne. Lecturas en torno a las prácticas postpornográficas” (Bellaterra, 2018), “Acá soy la que se fue” (tictac ediciones, 2019), “Una cartografía extraña” (Metales Pesados, 2021), entre outros. Seu trabalho artístico é muitas vezes expresso coletivamente, onde participa no Musea M.A.M.I, no Centro de Estudios de la Naturaleza Extractiva (CENEx) e na Pluriversidad Nómada, um projeto promovido junto com Quimera Rosa. Seus principais interesses envolvem feminismos, metodologias, tecnologia, relações de poder norte-sul, processos coloniais e migratórios, extrativismo e erro.

Laila