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Curadoria da Coding no IGF 2025: soberania digital, IA “verde” e outras assimetrias globais.

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O Internet Governance Forum (IGF) aconteceu na Noruega entre os dias 23 e 27 de junho na cidade de Lillestrøm, onde pudemos acompanhar algumas mesas dos últimos dois dias. Os temas das sessões que priorizamos foram múltiplos: segurança da informação, soberania digital, integrações de IA em aplicativos de agricultura, duty of care (dever de cuidado) para plataformas digitais, possibilidades de sustentabilidade na IA, regulamentação dos sistemas de armamento autônomo diante da guerra, e as intersecções entre gênero e governança da internet, sendo estes também assuntos que temos trabalhado na nossa produção de conhecimento em diferentes espaços.

O Fórum de Governança da Internet (IGF) é uma plataforma global multissetorial convocada pela Organização das Nações Unidas (ONU) que facilita a discussão de questões de políticas públicas relacionadas à Internet para que haja um diálogo aberto entre a sociedade civil, os governos, o setor privado, a comunidade técnica-científica e as organizações internacionais. O IGF é o final de um ciclo de governança da internet que conta, no caso do Brasil, com a participação em outros fóruns durante o ano, como o Fórum da Internet no Brasil, o LACIGF e o Fórum de Governação da Internet da Comunidade Lusófona.

Este ano a Noruega foi escolhida como país sede da 20ª edição do IGF, sendo um país vinculado a políticas ditas progressistas em relação ao meio ambiente e ao acesso à Internet. As  ações governamentais norueguesas têm como uma das metas o acesso universal de 100 Mbps aos domicílios até o fim de 2025 (99.1% já alcançado) e de 1 Gbps até 2030 (96.2% em 2024), possuindo uma parceria com a Starlink para alcançar áreas de comunidades rurais em vales montanhosos até os pescadores em alto mar. A empresa de Elon Musk, é vista como um “game-changer” para o acesso remoto dos noruegueses, apesar da empresa não ser alinhada ao valores sustentáveis do país,  porém existem outros parceiro fundamentais na conectividade via satélite, como a Arctic Satellite Broadband Mission (ASBM), focada em pesquisa e navegação acima de 65°N, e a Telenor Satellite (parte do Space Norway) que provê um serviços de satélite geoestacionário.

Os planos para expansão da internet em território norueguês e as diversas iniciativas divulgadas durante o IGF, mostraram o esforço do país em se posicionar como um expoente tecnológico aproveitando o seu clima frio e energia renovável para data centers, podendo se tornar uma alternativa para uma “AI greener”. Porém, sabemos que a Noruega é um país que tem mineradoras na América Latina, e no Brasil temos o exemplo da Hydro Alunorte que utilizou tubulação clandestina de lançamento de efluentes não tratados, que já fez investimento no Fundo Amazônia (R$ 4 bilhões), porém investiu R$ 24 bilhões em atividades destrutivas da floresta amazônica e é considerada a maior refinaria de alumina (Al₂O₃, também conhecida como óxido de alumínio) do mundo fora da China.

Como Coding Rights, escolhemos ouvir e prestigiar falas majoritariamente do Sul Global, trazendo o estado do debate multissetorial como reflexões importantes para as nossas produções, que tem como característica uma abordagem decolonial sobre a tecnologia. Neste blogpost, inspirado pela participação de Laila Almeida Braga, nossa Coordenadora de Comunicação, no seu primeiro IGF, resumimos alguns pontos de vista diversos que chamaram atenção nas sessões que assistimos, uma curadoria dos últimos dois dias do IGF 2025 feita por Laila, que esteve presente na Noruega. 

Cybersecurity Odyssey: Securing Digital Sovereignty & Trust


Palestrantes:
Ihita Gangavarapu, Technical Community, Asia-Pacific Group | CloudSEK
Samaila Atsen Bako, Technical Community, African Group | GoLegit Cyber Initiative
ISSAKHA DOUD-BANE KHOUZEIFI, Civil Society, African Group | African Union
Monojit Das, Government, Asia-Pacific Group
Lily Edinam Botsyoe, Technical Community, African Group

Os países têm olhado para a questão da soberania digital conectada a uma perspectiva de segurança nacional visto que a Internet e todos os fluxos de informação e capital que passam por ela, a transformaram em uma infraestrutura crítica, onde, como Ihita Gangavarapu da Índia nos alerta, “qualquer interrupção, sendo através de ataques cibernéticos ou turbulências geopolíticas, é uma ameaça contra a qual economias e países buscam por proteção”. Logo, construir uma soberania digital atrelada à segurança da informação desde a sua concepção — o que poderia ser chamado de “security by design” — seria fundamental para salvaguardar setores críticos, garantindo o controle estratégico sobre dados e tecnologia.

Somado ao campo da soberania, há um esforço corporativo, o que chamam de “soberania digital empresarial” que se compromete em garantir que os dados estejam seguros e não sujeitos a leis estrangeiras, porém devido às características do funcionamento da governança da internet e do alto custo das infraestruturas, garantir a soberania de cada nação também exige uma cooperação regional que mantenha a interoperabilidade da rede.

Para construir este tipo de infraestrutura há um componente que é visto dentro da segurança da informação como um componente caro: a confiança. Lily Edinam Botsyoe de Gana, traz a pergunta “Como medir confiança?” sendo que a variável humana é tão complexa, podendo reagir de diferentes maneiras de acordo com a emoção e percepção da própria segurança. Ela traz uma anedota falando sobre a construção da teia de aranha:

“Alguém viu uma teia de aranha (todos sabemos o que é). Aranhas tecem essas estruturas, que podem durar dias ou mais, se protegidas. Pois bem, essa pessoa notou que parte da teia estava rompida. Como havia visto a aranha tecendo antes, decidiu ‘ajudar’: usou linhas e material especial para reparar o rasgo. No dia seguinte, ficou observando para ver a reação da aranha.
Eis o choque: a aranha chegou e… você talvez esperasse que ela ficasse feliz (“Ah, você me ajudou!”). Mas ela
destruiu toda a teia. A palestrante nos perguntou: “Por que a aranha agiu assim?”. A discussão evoluiu e entendemos: a aranha não foi consultada, entrevistada, nem questionada se queria aquilo. Não lhe pediram sua visão sobre o processo. Ela julgou aquilo artificial.”

As reflexões levantadas neste Workshop lançaram importantes argumentos sobre a visão de cada setor do que seria essa Odisseia da Segurança da Informação, esse caminho longo que agora intersecciona soberania, segurança e confiança para construir algo que tenha o ser humano no centro, ou pelo menos deveria ter.

Workshop no IGF 2025: Cybersecurity Odyssey: Securing Digital Sovereignty &Trust
YouTube: https://www.youtube.com/live/O9cQXwR3fQk?feature=shared&t=777 

Make your AI greener: A workshop on sustainable AI solutions


Palestrantes:
Mario Nobile, Director General, Agency for Digital Italy
Ioanna Ntinou, Reliable AI and Data Optimization (RAIDO), European Project, Queen Mary University of London
Adham Abouzied, Managing Director & Partner at Boston Consulting Group (BCG)
Marco Zennaro, Edge AI Expert, The Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics, ICTP
Mark Gachara, Senior Advisor, Global Public Sector Engagements at Mozilla Foundation

Moderador: Guilherme Canela De Souza Godoi, Director, Division for Digital Inclusion and Policies and Digital Transformation (CI/DPT), UNESCO

Uma das maiores preocupações de organizações que trabalham com direitos digitais no Sul Global são as consequências para o meio ambiente do uso vertiginoso das IAs. Sendo assim, escolhemos esta palestra organizada pelos setores de Comunicação e Informação e Ciências Naturais da UNESCO em parceria com o departamento de Ciência da Computação da University College London, com o objetivo de debater a intersecção entre Inteligência Artificial, sustentabilidade e governança, trazendo soluções que já estão em andamento para mitigar o impacto da IA, como o desenvolvimento de tecnologias em hardwares menores, que não buscam, como as LLMs fazem, o processamento de dados em massa exigindo maior infraestrutura e gasto energético.

Foi levantada a urgência da transparência absoluta sobre os implicações da IA na sociedade em relação a perda de empregos, eficiência energética, e o olhar da necessidade do uso de tecnologias menores e mais territorializadas que além de serem mais eficientes, consomem menos energia e são mais possíveis de metrificar suas emissões de carbono. Apesar de que para a palestrante Ioanna Ntinou, modelos grandes ainda são vitais para avanço científico, desde que aplicados em contextos que justifiquem seu custo energético.

Mark Gachara, da Mozilla Foundation, trouxe a reflexão de que o impacto climático é mais severo no Sul Global, afetando agricultores, povos indígenas e comunidades locais, que necessitam de fundos para construírem suas próprias soluções através de pesquisas colaborativas para lidar com os desafios impostos pela emergência climática.

Workshop no IGF 2025: Make your AI greener: A workshop on sustainable AI solutions
YouTube: https://www.youtube.com/live/FfPQUaphjtg?feature=shared&t=5356

Artificial intelligence in AgroTech and FoodTech


Este Lightning talk trouxe um paradoxo: enquanto há sistemas de agricultura avançados, 800 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar e desnutrição. A palestrante apresenta a IA como uma possibilidade tecnosolucionista de otimizar decisões para aumentar a produção de alimento, ao monitorar a saúde do solo, a condição das culturas, clima e pragas com uma precisão atingida através da análise de dados que são capturadas através de sensores e drones e que usam o machine learning para otimizar irrigação, pesticidas e plantio.

O exemplo da Rússia, que nos anos 90 recebia ajuda humanitária e agora é líder em exportação de trigo, foi apresentado como resultado da tecnologia. O Banco Agrícola russo investe em Agrotech Startups por meio de aceleradoras, plataformas de emprego e um marketplace integrado em um aplicativo, e algumas dessas Startups já atuam no Brasil, Nigéria e Índia.

Vale a pena ouvir os 12 minutos do Lightning talk para entender como estão olhando esse universo da FoodTech e AgroTech, pensando em como isso intersecciona com a atuação destas empresas no Sul Global.

Lightning talk no IGF 2025: Artificial intelligence in AgroTech and FoodTech
YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=zKGGkyk1GX0 

Platform Governance and Duty of Care 


Palestrantes:
Ivar Hartmann
, Civil Society, Insper
Beatriz Barbosa, CGi.br
Janjira Sombatpoonsiri, Civil Society, Asia-Pacific Group | German Institute for Global and Area Studies (GIGA)
Amélie Heldt, Civil Society, Western European and Others Group (WEOG) | University of Sussex
Yvonne Chua, Civil Society | University of the Philippines

Diante de um contexto onde as plataformas digitais impactam cada vez mais as democracias, sendo ocupadas por desinformação, discurso de ódio e violência coordenada, o modelo de autorregulação das plataformas, como em outros cenários de autorregulação do setor privado, se mostrou ineficiente. Diante deste desafio, um conceito jurídico tem sido debatido na governança e na regulação de plataformas para repensar a responsabilidade destas. 

Abordando esse conceito, as pessoas que palestraram neste painel apresentaram experiências reais de diversas regiões (América Latina, Ásia, Europa e América do Norte), países e ambientes regulatórios — inclusive o brasileiro — evidenciando como as complexidades de cada território aprofundam assimetrias globais.

Sobre o Brasil, Bia Barbosa contextualizou o debate sobre “dever de cuidado” no Brasil e apresentou a tipologia proposta pelo CGI.br que classifica provedores por nível de intervenção no conteúdo que circula por sua infraestrutura:

  1. Sem interferência: atuam na Internet como simples meio de transporte e armazenamento. Por exemplo os provedores de aplicações que oferecem funcionalidade de certificação, hospedagem de sites, envio e recebimento de e-mail, envio e recebimento de mensagens de texto, etc.
  2. Baixa interferência: oferecem funcionalidades com mínima influência no fluxo de conteúdo, sem perfilamento ou riscos significativos. Por exemplo os provedores com funcionalidade de curadoria de conteúdos para registro histórico, funcionalidades de participação social pública, edição de artigos, etc.
  3. Alta interferência (atividade potencialmente de risco): uso de profiling, disseminação em massa, recomendações algorítmicas, estratégias de microsegmentação para engajamento, conteúdo pago e publicidade direcionada.

Workshop no IGF 2025: Platform Governance and Duty of Care 
YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=_Km0ngl6eu8

Gender Mainstreaming in Digital Connectivity Strategies


Palestrantes:
Josephine Miliza, Civil Society, African Group |  Association for Progressive Communications 
Dr. Emma Otieno, Government, African Group | Communications Authority of Kenya
Waqas Hassan, Civil Society, Asia-Pacific Group |  Global Digital Inclusion Partnership 
Ronda Zelezny-Green, Private Sector, Western European and Others Group (WEOG) | Panoply Digital Ltd
Ivy Tuffuor Hoetu, Government, African Group

Havia poucos painéis no IGF com foco em gênero, fomos em todos os que pudemos ir nos últimos dias.

Este workshop abordou a lacuna da discussão sobre gênero dentro das políticas nacionais de TIC, o que viola o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5)  que busca “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, mantendo-as excluídas da economia digital.

O painel discutiu como implementar políticas sensíveis ao gênero e regulamentações concretas que garantam acesso equitativo e empoderamento digital para todas as mulheres, com uma perspectiva majoritariamente vinda do Sul Global.

Workshop no IGF 2025: Gender Mainstreaming in Digital Connectivity Strategies
Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=zxqIzR1gJyk 

Securing Access to the Internet and Protecting Core Internet Resources in Contexts of Conflict and Crises 

Palestrantes:
Dennis Broeders, University of Leiden
Madeline Carr, University College London
Chantal Joris, Article19
Jalal Abukhater, 7amleh
Marwa Fatafta, Access Now
Pablo Hinojosa, ex-vice-presidente do ICANN-GAC
Valeria Betancourt, MAG Member, BPF co-facilitator, remote moderator
Anriette Esterhuysen, BPF co-facilitator, session moderator
Wim Degezelle, BPF consultant, IGF Secretariat

Este ano o IGF trouxe uma sessão fundamental diante do atual cenário geopolítico que possui diferentes conflitos e crises humanitárias que afetaram o acesso à internet e seus recursos essenciais (como cabos, data centers e satélites – conhecidos como “núcleo público da Internet”).

Organizada pelo Fórum de Melhores Práticas do IGF sobre Garantia de Acesso à Internet e Proteção dos Recursos Essenciais da Internet em Contextos de Conflito e Crises, uma das atividades intersessionais do IGF do ciclo de 2025, a sessão traz a urgência de mitigar o ataque às infraestruturas críticas da internet, fundamentais para o desenvolvimento social e para os serviços públicos.

O Direito Humanitário Internacional proíbe ataques deliberados a infraestruturas civis (como telecomunicações), e normas acordadas entre Estados vedam ações de TIC que danifiquem infraestrutura crítica essencial à Internet. Porém, a responsabilidade não é apenas dos Estados, requer ação coletiva de governos, setor privado, sociedade civil e organizações internacionais, através da implementação conjunta de normas e de boas práticas, visando um futuro digital inclusivo e pacífico para todas as pessoas.

Workshop no IGF 2025: Securing Access to the Internet and Protecting Core Internet Resources in Contexts of Conflict and Crises
YouTube: https://www.youtube.com/live/7Pa05OMb-Cw?feature=shared&t=18747

Regulation of Autonomous Weapon Systems: Navigating the Legal and Ethical Imperative 


Palestrantes:
Vint Cerf, Vice-President and Chief Internet Evangelist for Google (Online)
Ambassador Stefan PEHRINGER, Ambassador of the Republic of Austria to the Kingdom of Norway 
Anja KASPERSEN, Director for Global Markets Development, Frontier Technologies, IEEE
Olga CAVALLI, Military Academy, Buenos Aires
Gerald Folkvord, Political Adviser, Amnesty International Norway
Peixi XU, Professor, Bejing University 

O uso de armas autônomas para a guerra, que utilizam inteligência artificial, já são uma realidade que tem evoluído rapidamente e que necessita de um olhar crítico e humanizado para não escalar ainda mais a violência e normalizá-la.

Nesta sessão a fala de abertura de Vint Cerf trouxe um fato: os computadores estiveram envolvidos em sistemas de armas literalmente desde sua criação. Mas diante do avanço tecnológico, o que temos agora são armas hipersônicas disponíveis, satélites operando a 27.000 km/h, ataques complexos com múltiplos drones, armas ‘dispare-e-esqueça’ de longo alcance, entre tantas outras possibilidades de destruição.

A sessão trouxe os desenvolvimentos recentes e as novas perspectivas sobre a necessidade de regulação dos sistemas de armas autônomas (AWS – Autonomous Weapons Systems), incorporando ao debate aspectos políticos, jurídicos, éticos, humanitários e tecnológicos.

Workshop no IGF 2025: Regulation of Autonomous Weapon Systems: Navigating the Legal and Ethical Imperative 
No YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=cZSe5KfVfoo 

AI at a Crossroads: Between Sovereignty and Sustainability

Palestrantes:
Bobina Zulfa, Civil Society, African Group | Data and Digital Rights researcher at Pollicy
Alex Moltzau, Government, Western European and Others Group (WEOG)
Ana Valdivia, Academia, Latin American and Caribbean Group (GRULAC)
Yu Ping Chan, Intergovernmental Organization, Asia-Pacific Group | UNDP – Head, Digital Partnerships and Engagement
Pedro Ivo Ferraz da Silva, Government, Latin American and Caribbean Group (GRULAC) | UN Climate Change and Ministry of Foreign Affairs of Brazil.


O workshop explorou as tensões entre sustentabilidade ambiental e soberania em IA, comparando realidades do Norte e Sul Global, sob uma perspectiva onde a IA tornou-se um componente da segurança nacional e existencial, impulsionando a corrida global por recursos como minerais, água e energia para sustentar sua infraestrutura. No Sul Global, combater a dependência tecnológica é crucial para enfrentar ameaças cibernéticas, exploração laboral e degradação ambiental, mas esbarra em desigualdades históricas de acesso a tecnologias e capacidades, que explicitam a herança colonial que dificulta com que comunidades vulneráveis desenvolvam autodeterminação digital para se protegerem.

Workshop no IGF 2025: AI at a Crossroads: Between Sovereignty and Sustainability
No YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=CH301NtsfuQ 

Launch / Award Event Women in Internet Governance


No último dia, ainda pudemos prestigiar (sentadas à mesa a convite da premiada do dia, Maureen Hilyard) o lançamento da iniciativa Women in Internet Governance (WIG) que também conta com um programa de mentoria e bolsas de estudo para ajudar mais mulheres a assumirem cargos de liderança, a se envolverem com trabalhos políticos e a se conectarem com outras pessoas que desenvolvem um trabalho semelhante em diferentes regiões.

O evento contou com a participação de inúmeras mulheres que contaram suas histórias no campo da GI sendo elas representantes da União Internacional de Telecomunicações (UIT), da ONU Mulheres, a ex-CEO interina da ICANN e líderes nas áreas de segurança cibernética e governança da Internet.

A equipe de liderança da WIG, é composta por mulheres de oito regiões: África, Ásia, Europa Oriental e Ásia Central, Europa, América Latina e Caribe, Oriente Médio, América do Norte e Oceania. 

Workshop no IGF 2025: Launch / Award Event Women in Internet Governance

No YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=MsyX6w5bCSk 

Cerimônia de encerramento | IGF 2025 Norway

Apesar de buscarmos priorizar na nossa curadoria atividades com protagonismo do Sul Global, de mulheres e LGBTQIAPN+, sentimos pouca presença de participantes de países da América Latina, o que pode ter tido influência da localização do IGF. 

No Taking Stock ao final do evento foram identificadas uma série de necessidades de melhorias para o próximo ciclo do IGF, como a participação de outros stakeholders ainda sub representados — como a juventude —  nos High Level meetings que são sessões onde tomadores de decisão de alto nível, como ministros, CEOs e líderes de organizações internacionais, têm a oportunidade de discutir questões cruciais relacionadas à governança da internet.

Espaços globais de governança da internet estão se modificando com o passar do tempo: atores poderosos criam arenas paralelas ainda mais excludentes para decisões reais. O IGF segue vital para mapear tendências e construir pontes, porém, é necessário fortalecer outros espaços de governança mais regionais, onde a incidência política seja mais acessível e que reflita de maneira mais dinâmica nos nossos próprios territórios.

Os debates sobre eventos climáticos extremos intensificados pelo uso de certas tecnologias, o racismo ambiental ampliado pelos data centers que impactam comunidades locais e povos originários, o extrativismo predatório de dados e minérios do Sul Global que ilustramos no Mapa dos Territórios da Internet, as armas autônomas testadas em corpos periféricos, entre outros debates, precisam ser discutidos e amplamente divulgados para além do campo da GI, já que afeta tão diretamente as nossas vidas

Que em 2026 haja uma maior participação de aliades que queiram construir essa internet para o nosso futuro, decolonial, feminista e antirracista.

Laila Almeida Braga
Coordenadora de Comunicação

Geógrafa e comunicadora, atua com foco em tecnologia, cultura, software livre, direitos humanos, cuidados digitais e pesquisa sobre soberania de dados.

Laila