Visibilidade Sapatão nas Redes
#discurso de ódio #LGBTQIAPesquisa sobre a vivência lésbica na rede trata de invisibilidades históricas, ataques online e solidariedade e resistência sapatão
Em comemoração ao mês da visibilidade lésbica, a Coding Rights lança a pesquisa “Visibilidade sapatão nas redes: entre violência e solidariedade”. O estudo, de autoria de Ivanilda Figueiredo e Joana Varon, parte da entrevista de outras seis mulheres lésbicas que utilizam a internet como forma de amplificar existências e resistências em um contexto de apagamentos históricos: Bruna Bastos, articuladora do Coletivo Brejo e da Sapatona Entendida; Camila Marins, editora da Revista Brejeiras; Carol Bastos, ativista da Liga Brasileira de Lésbicas; Kamilla Valentim, ativista da Coletiva Resistência Lésbica da Maré; Michelle Seixas, ativista da Associação Brasileira de Lésbicas e Mônica Benício, ativista de direitos humanos e viúva de Marielle Franco.
O mês para a publicação não foi à toa: agosto marca a luta do movimento lésbico no Brasil. No dia 19, comemoramos o Dia do Orgulho Lésbico, data em que integrantes do Grupo de Ação Lésbica Feminista (GALF) ocuparam Ferro’s Bar após serem impedidas de vender o jornal ChanaComChana. O Dia da Visibilidade Lésbica, 29 de agosto, é a data em que ocorreu, no Rio de Janeiro, o 1º Seminário Nacional de Lésbicas.
No estudo, as pesquisadoras recuperam histórias e momentos marcantes para a visibilidade e representatividade das mulheres lésbicas. Desde a revelação das cartas entre Eleanor Roosevelt, primeira dama norte-americana e diplomata que lutou pela aprovação da Declaração de Direitos Humanos, e sua namorada, a jornalista Lorena Hickok; à nossa primeira escritora de contos eróticos lésbicos, Cassandra Rios; Audre Lorde, Adrienne Rich e Cherrie Moraga, Adélia Sampaio, primeira mulher negra a dirigir um longa no Brasil, até chegar na efervescência dos tempos do GALF e toda a visibilidade que veio depois.
Ivanilda destaca o momento político do mundo, onde figuras públicas, políticos e religiosos ganham espaço pregando o ódio contra pessoas LGBTs e ressalta: “Nós, mulheres lésbicas, temos de enfrentar ainda a invisibilidade das existências lésbicas ao longo da história. Num momento em que se debate tanto a importância da representatividade, persistimos impedidas de resgatar as vozes de muitas de nós. Neste cenário a visibilidade lésbica na internet se constitui como um modo de criar uma rede de proteção e acolhimento.”
Nos relatos, as entrevistadas apresentam a potência e as dificuldades de se usar ferramentas desenvolvidas na lógica patriarcal como um dos lugares de encontro e troca de mulheres lésbicas. “É preciso entender as particularidades de ataques que acontecem contra vozes de mulheres lésbicas na rede, pois assim se fortalecem também redes de solidariedade,” diz Joana Varon.
Quando o ódio alimenta cliques e likes que dão lucro, é possível criar espaços seguros nas redes sociais? Com quais proteções legais podemos contar? Qual o papel dessas empresas na moderação de conteúdo? É possível vislumbrar tecnologias feministas que substituam essas empresas que monopolizam nossas interações digitais? São algumas das perguntas que o estudo tenta responder.
A pesquisa está disponível aqui:
Confira a live de lançamento aqui: